O que é o Ronco?
É um distúrbio do sono. O ruído causado pela passagem do ar através da garganta indica uma diminuição ou estreitamento desta região dificultando a respiração.
Roncar é normal?
Não. Quem ronca geralmente não tem um sono de boa qualidade e pode ser sinal de que o paciente sofra de apneia do sono.
O que é Apnéia do Sono?
A apneia/hipopnéia do sono é definida como interrupção/diminuição do fluxo aéreo (respiração), que pode levar à queda do oxigênio no sangue e a despertares durante o sono.
A apneia/hipopnéia do sono é caracterizada por eventos de pausas respiratórias ou diminuição acentuada do fluxo de ar, sendo consideradas anormais quando ultrapassam a frequência de 5 eventos por hora de sono.
A apneia pode ser um distúrbio provocado por alterações anatômicas e pela diminuição de atividade dos músculos dilatadores da faringe.
Quais as consequências da Apnéia?
Os eventos respiratórios (apneia/hipopnéia) do sono geralmente cursam com despertares durante o sono, porém este não chega ao nível da consciência, logo, apesar de ter passado a noite inteira “dormindo”, a pessoa desperta se sentindo cansado e sonolento, ou seja, o sono não restaurou as energias.
Os sintomas mais comuns de quem tem apneia do sono são os seguintes:
- sono não reparador, levando a dificuldade para acordar, sonolência diurna, levando a maior possibilidade de acidentes de trânsito e no trabalho;
- alterações da memória, concentração e raciocínio, levando a dificuldades na aprendizagem, com queda rendimento escolar e profissional;
- alterações do humor, com irritabilidade e nervosismo;
- alterações hormonais com consequente ganho de peso;
- maior propensão a doenças cardiovasculares: hipertensão (pressão alta), arritmia cardíaca, infarto e acidente vascular cerebral (“derrame”).
Na suspeita de um distúrbio respiratório do sono está indicado a realização de exames complementares para o diagnóstico e definição da melhor conduta para cada paciente.
O exame das vias aéreas superiores é feito através de endoscopia nasal e faríngea, identificando assim as possíveis alterações anatômicas e a polissonografia de noite inteira define qual distúrbio o paciente apresenta (roncopatia primária, síndrome da resistência aumentada das vias aéreas superiores ou apneia do sono) e sua intensidade.
Em alguns pacientes uma avaliação quanto ao esqueleto ósseo do crânio e face também pode ser necessário (cefalometria).
Uma das formas de tratamento dos distúrbios respiratórios do sono é através de cirurgia, e vários procedimentos poderão ser indicados, de forma isolada ou associada, visando ampliar e diminuir a flacidez da faringe (garganta).
Em muitos casos estará indicado também o tratamento da obstrução nasal crônica, sendo mais comum o tratamento do desvio do septo nasal (septoplastia) e da hipertrofia (aumento) dos cornetos nasais (turbinectomia ou turbinoplastia).
Os procedimentos mais comuns sobre a faringe são:
Cirurgia do Ronco ou Uvulopalatofaringoplastia
É uma cirurgia indicada em casos selecionados de roncopatia primária, síndrome de resistência aumentada de vias aéreas superiores e apneia do sono. Tem como objetivo diminuir o excesso de tecidos moles que vibram na faringe (palato mole e amígdalas) e facilitar a passagem do ar. É realizada através da boca sem realizar incisões na pele.
Faringoplastia Lateral
É uma cirurgia indicada em casos selecionados de síndrome de apneia/hipopnéia obstrutiva do sono.
Tem como objetivo diminuir o excesso de tecidos moles que vibram na faringe (palato mole e amígdalas), bem como tratar a flacidez faríngea através de uma plástica sobre a musculatura desta região, fazendo com que estes ajam de maneira a dilatar a faringe e, assim, facilitar a passagem do ar. É realizada através da boca sem realizar incisões na pele.
Quais são as complicações possíveis?
- Febre e dor – Febre pode ocorrer. Dor de garganta pode ser acentuada, exigindo analgésicos potentes, dor referida na região do ouvido ocorrem normalmente, e cedem em 10 a 20 dias.
- Mau-hálito – É comum ocorrer, e cede entre 10e 20 dias.
- Vômitos – Podem ocorrer algumas vezes, no dia da cirurgia, constituídos de sangue, geralmente devido ao sangue deglutido durante a cirurgia, mas sem gravidade.
- Hemorragia – Representa o maior risco desta cirurgia, podendo ocorrer até 10 dias após a mesma, sendo mais frequente de menor gravidade e, mais raramente, em maior volume, podendo levar até a necessidade de nova cirurgia com anestesia geral e transfusão sanguínea.
- Infecção – Pode ocorrer na região operada, causada por germes normais da faringe e, geralmente, regride sem antibióticos.
- Voz anasalada (fanhosa) e refluxo de líquidos – Podem ocorrer nos primeiros dias ou semanas, desaparecendo espontaneamente.
- Disfagia (dificuldade para engolir) – pode ocorrer em pacientes submetidos a Faringoplastia Lateral, geralmente de pequena intensidade e regredindo espontaneamente; eventualmente, em situações de exceção, pode ser necessário sessões de fonoaudiologia para restabelecimento adequado da deglutição.
Dr. Alexandre César
- Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG em 1996.
- Especialista em Cirurgia de Cabeça a Pescoço pelo Instituto do Câncer de Minas Gerais (Hospitais Mário Penna e Luxemburgo).
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