Indicações da Cirurgia:
A mastóide é um dos ossos do crânio, nele se encontra situado o ouvido médio (local onde encontramos os ossículos do ouvido).
Este osso participa da ventilação do ouvido. As infecções crônicas do ouvido cursam também com a infecção deste osso e várias podem ser as complicações, como paralisia facial e meningite.
O principal intuito da cirurgia sobre a mastóide é acabar com a infecção crônica, devido às graves complicações que podem ocorrer, e em segundo plano restabelecer a audição.
Está indicada, mais comumente, em três situações:
- Infecção (inflamação) crônica e persistente do ouvido (“ouvido purgando”), que só diminui com uso de antibiótico, retornando o problema logo após terminada a medicação.
- No colesteatoma (neoplasia epitelial benigna de característica destrutiva, ou seja, lesão cujo comportamento parece com o de um tumor), esta lesão ocorre, quase sempre, com perfuração da membrana timpânica e traz problemas para os ossículos do ouvido, causando perda auditiva e a otorréia (“ouvido purgando”) é praticamente constante.
- Complicações de otite média secretora, nos casos onde há perda auditiva, geralmente quando não houve melhora com uso de tubos de ventilação (carretéis).
Como é realizada a cirurgia?
A timpanomastoidectomia (ou mastoidectomia) é realizada sob anestesia geral. O acesso cirúrgico é retroauricular (por trás da orelha) e o osso da mastóide é operado no intuito de remover toda a área acometida pela infecção para que o ouvido possa ser melhor ventilado.
A reconstrução do tímpano (timpanoplastia) e a reconstrução da cadeia ossicular também podem ser necessários. O procedimento dura cerca de duas horas. A alta hospitalar se faz no dia seguinte.
Quais são as possíveis complicações?
Infecção – Infecção no ouvido, com saída de secreção, inchaço e dor, pode persistir após a cirurgia ou, em raras ocasiões, aparecer em virtude da cicatrização. Quando isto ocorre, uma cirurgia adicional pode ser necessária para controlar a infecção.
Perda de Audição – Em pequena parte dos pacientes operados a audição poderá diminuir por problemas com a cicatrização. Raramente esta perda é severa.
Perfuração Timpânica Residual ou Recidivante – Em parte dos casos poderá não ocorrer a total pega do enxerto, ou ele poderá necrosar (ser perdido) posteriormente. Nestes casos, uma segunda cirurgia é indicada para corrigir este defeito.
Zumbido – Pode surgir ou piorar é de difícil tratamento.
Tontura – Poderá ocorrer logo após a cirurgia, por irritação do ouvido interno. Em alguns casos poderá persistir por uma semana.
Distúrbio do Paladar e Boca Seca – Não é raro ocorrer. Geralmente regride em algumas semanas, podendo demorar mais em alguns casos, havendo compensação gradual.
Paralisia Facial – A complicação mais temida, a paralisia facial, é muito rara e muitas vezes temporária; atualmente estas cirurgias podem ser realizadas com a Monitoração Intra-operatória do Nervo Facial.
A paralisia do nervo da facial altera a musculatura da mímica da face (traz dificuldade para piscar a pálpebra, enrugar a testa, alimentar, sorrir, etc). É rara, e pode ser temporária, podendo regredir espontaneamente. Pode, entretanto, ser definitiva. Em raras ocasiões o nervo poderá ser lesado na cirurgia, nestes casos, pode ser necessário um enxerto de nervo do pescoço ou da perna. Alterações oculares também podem ocorrer devido à paralisia.
Fístula Liquórica – É o extravasamento do liquido do cérebro e da espinha, nesta situação, para o ouvido médio. A correção é feita no mesmo ato cirúrgico ou posteriormente.
Complicações Cranianas – Muito raramente pode acorre abscesso cerebral ou meningite.
Cuidados Pós-operatórios
Quando é necessária uma cirurgia ampla sobre a mastóide e ouvido médio com alargamento do conduto auditivo (mastoidectomia radical), durante meses ou anos, existirá ainda secreção no ouvido, necessitando curativos e cauterizações e, mais raramente outra cirurgia.
Nestes casos, um tampão é deixado no ouvido por 5 dias, após o que é removido e a cavidade operada é tratada por meio de aplicação de medicação (pomada) durante um mês.
Dr. Alexandre César
- Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG em 1996.
- Especialista em Cirurgia de Cabeça a Pescoço pelo Instituto do Câncer de Minas Gerais (Hospitais Mário Penna e Luxemburgo).
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