Na Otorrinolaringologia se destaca a monitoração do nervo facial (VII par), que tem como principal função o controle motor dos músculos da mímica facial, cuja lesão leva o paciente a apresentar um quadro de paralisia desses, em sua hemiface, com os seguintes possíveis sinais:
- Redução da movimentação da musculatura facial;
- Diminuição da sensibilidade ao redor das orelhas;
- Diminuição do paladar e do lacrimejamento, além de alteração da produção de saliva.
Para evitar lesões do nervo facial, algumas vezes irreversíveis, é muito importante sua identificação durante o ato cirúrgico, o que nem sempre é possível apenas pela anatomia, devido à existência de variações anatômicas, aderências que possam dificultar a dissecção ou até mesmo limites impostos pelo acesso cirúrgico.
Na Cirurgia de Cabeça e Pescoço interessa diretamente a monitorização dos nervos laríngeos, para as cirurgias da tireoide e as monitorizações do nervo facial, nas cirurgias da glândula parótida (já descrito acima).
A monitorização intra-operatória do nervo laríngeo recorrente (NLR) é uma tecnologia recente para auxiliar na prevenção de lesões parciais e totais dessa estrutura, que determinam imobilidade temporária ou definitiva das pregas vocais. Foi desenvolvida devido à preocupação com a preservação da função neural durante certos procedimentos.
Nas tireoidectomias, esse tipo de complicação ocorre de 0 a 7,1% nas formas temporárias e de 0 a 11% nas definitivas. Esse índice eleva-se nos casos de reoperações.
A lesão de um destes nervos laríngeos inferiores (recorrente) leva a paralisia unilateral das cordas vocais, acarretando perda vocal importante ao paciente, e a lesão de ambos os nervos (direito e esquerdo) causa perda das funções vocal e respiratória da laringe. Já lesão dos nervos laríngeos superiores prejudicam a voz dificultando a emissão dos agudos.
Já foi amplamente demonstrado que, durante as tireoidectomias, é fundamental a visualização e dissecção do NLR.
A monitorização do NLR durante a tireoidectomia tem por finalidade auxiliar na localização e avaliar a integridade do NLR por meio do estudo da contração da prega vocal.
Tal procedimento deve ser realizado pelo cirurgião e sua equipe, sendo o único método auxiliar que permite avaliar a função neural e facilita a identificação dos nervos e seus ramos.
Com a monitorização quaisquer manobras bruscas são identificadas, e o cirurgião pode prevenir injúrias neurais, tornando o procedimento mais rápido e seguro.
Cabe ao cirurgião, face cada caso em particular, avaliar a justificativa e a relação custo benefício no uso da tecnologia para monitorização neural.
A monitorização pré-operatória não é uma garantia de excelente sucesso do procedimento operatório, que depende fundamentalmente do conhecimento anatômico, porém, soma-se à habilidade do cirurgião.
Dr. Alexandre César
- Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG em 1996.
- Especialista em Cirurgia de Cabeça a Pescoço pelo Instituto do Câncer de Minas Gerais (Hospitais Mário Penna e Luxemburgo).
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